O II Seminário Internacional de Transição Energética no Mar, realizado em 10 de fevereiro, em São Paulo, reuniu representantes do governo, empresas, universidades e associações do setor para debater a urgência da descarbonização do transporte marítimo e as oportunidades que o Brasil tem para se tornar protagonista dessa transformação. O evento foi organizado pela Embassy of Denmark in Brazil, Marsalgado, Maersk, FGV, BNDES e Cluster Tecnológico Naval.
O evento deixou claro que o tempo para debater está se esgotando e agora é o momento de agir. O Brasil precisa de um plano robusto de descarbonização marítima, envolvendo logística portuária, infraestrutura, novos combustáveis e corredores verdes. A delegação brasileira na Organização Marítima Internacional (IMO) tem se destacado, mas essa liderança política precisa ser apoiada pelos atores das esferas pública e privada, para ser transformada em ações concretas.
Foram debatidas a diversificação dos combustíveis verdes, como biocombustíveis, hidrogênio, metanol, amônia e principalmente o etanol, que aparecem como alternativas viáveis. Por outro lado, poderá faltar hidrogênio e a amônia terá a prioridade para fertilizantes. Também foi discutida a modernização dos portos, uma vez que a adaptação para receber embarcações maiores pode reduzir em dez por cento as emissões nas rotas para o Brasil, mas exige investimentos imediatos. O uso de biocombustíveis foi apontado como uma grande oportunidade, pois além de reduzir emissões, o Brasil tem grande potencial produtivo, aproveitando terras degradadas e “coprodutos” do etanol.
A regulação e a segurança jurídica foram ressaltadas como essenciais para garantir previsibilidade e atrair investimentos para o setor. Também foi discutida a necessidade de inovação e modernização da frota, visto que motores híbridos e novas tecnologias precisam de incentivos para serem adotados em larga escala. A infraestrutura e os investimentos foram outro ponto fundamental, com exemplos de terminais como BTP e Porto do Açu que já estão se preparando, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que o Brasil acelere o processo de adaptação portuária.
O Plano Nacional de Transição Energética no Mar e o Grupo de Trabalho formado por ANTAQ, BNDES, Ministério de Minas e Energia e Ministério de Portos e Aeroportos representam passos fundamentais para estruturar essa transição. Com a COP30 em novembro, o Brasil tem uma oportunidade única para se posicionar como referência global na descarbonização do setor marítimo.
O futuro do Brasil no comércio marítimo dependerá da velocidade com que adotarmos essas mudanças. As decisões tomadas hoje definirão os próximos cinquenta anos. Digno de nota é a importância da colaboração entre governo, setor privado e academia para construir um setor marítimo mais sustentável, competitivo e alinhado às exigências globais.