Cluster Tecnológico Naval

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BREVE HISTÓRIA

A iniciativa dos Clusters ou Arranjos Produtivos Locais (APL), designação brasileira,  tem suas origens nas teorias aplicadas às concentrações de indústrias especializadas em determinadas localidades, eminentemente difundidas pelos estudos de Alfred Marshall em 1890, na sua obra “Princípios da Economia”. Esses polos são produto da aglomeração gerada por complexos industriais, que se baseiam nas suas fortes relações com as respectivas regiões, onde estão instalados. Tais complexos têm suas atividades econômicas ligadas em uma relação insumo-produto.

A Estratégia dos Clusters acabou sendo consolidada na década de 1990, após a obra de Michael Porter “As vantagens competitivas das nações”, inspirado no conceito clássico de “vantagens comparativas” de David Ricardo, economista britânico do século XVIII que lançou as bases para a criação de grandes blocos econômicos, como a União Europeia. Essa estratégia, conforme o modelo triplo hélice (PORTER, 1993), requer uma abordagem coletiva, que envolve a administração pública, empresas e universidades. Tal abordagem também deve ser aberta ao mercado internacional. 

O conceito de Cluster explora a capacidade competitiva gerada pela cooperação produzida a partir da concentração regional de empresas e/ou indústrias, como aquelas encontradas no polo industrial automobilístico de Detroit até a década de 1970 ou nas indústrias de alta tecnologia do Vale do Silício a partir da década de 1990.

O Cluster Tecnológico Naval do Rio de Janeiro (CTNRJ) se vale das vantagens competitivas e comparativas já proporcionadas pela própria característica geográfica do Estado do Rio de Janeiro, onde encontramos portos naturais, como os da Baía de Guanabara e de Sepetiba, e ecossistemas privilegiados, como a da Baía da Ilha Grande de Angra dos Reis, da mesma forma que a abundância de recursos vivos e não-vivos na sua costa, como a diversidade de pescados e os grande campos petrolíferos da camada do pré-sal.

Consequentemente, encontram-se instaladas grandes aglomerações de indústrias e empresas que provêm serviços para as suas respectivas cadeias produtivas, ao longo de vários pontos da Costa Fluminense. Assim como, a facilidades de infraestrutura portuária e logística em pequenas distâncias ao longo de toda a sua região costeira, atendendo a polos de raio que não se estendem em mais de 30 km.

No intuito de estabelecer uma melhor organização dessas vantagens, para que os agentes econômicos se inter-relacionem, proximidade do Governo e da Academia, buscando mais produtividade, melhor desempenho e prosperidade de seus negócios, vislumbrou-se a criação de uma Associação para o CTNRJ (ACTN), formado inicialmente pelas empresas fundadoras: AMAZUL- Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A, CONDOR S/A Indústria Química, EMGEPRON – Empresa Gerencial de Projetos Navais, NUCLEP – NUCLEBRAS Equipamentos Pesados S.A. que se articularam consensualmente, visando, prioritariamente, os seguintes propósitos estratégicos:

  • Promover o adensamento das cadeias produtivas relacionadas à Economia do Mar, à construção e reparação naval mercante e militar; e à Economia de Defesa;
  • Gerar estímulos à Economia do Mar; e
  • Subsidiar e fortalecer a Plataforma de Exportações da Base Industrial de Defesa (BID).

Assim, em 13 de novembro de 2019, na Casa FIRJAN, foi realizada a Assembleia Geral para a formação da Associação do Cluster Tecnológico Naval, com o devido registro em Cartório de seu Estatuto em 4 de dezembro de 2019.

O processo de estruturação de um Cluster tem potencial para gerar efeitos de transbordamento positivo na economia regional (spillovers) ou até mesmos efeitos inesperados como a criação de um novo produto e/ou serviço (spin offs).

No contexto atual de economias interdependentes e cadeias de valor internacionais, a articulação de empresas complementares para a organização geográfica de suas atividades sob a ótica dos Clusters traz inúmeros benefícios, com base em exemplos observados no Brasil e no mundo, visto que proporciona um aquecimento da economia, por conta da cadeia produtiva que age dinamicamente, acarretando geração de empregos, diretos, indiretos e induzidos, aumento de renda e de demandas agregadas. Da mesma forma, é viabilizado um aprimoramento da comunicação entre as partes das cadeias e dos processos.

No tocante à geração de estímulos à Economia do Mar, a tese de doutorado da Professora Andréa Carvalho, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), com dados relativos à 2015, o PIB do Mar no Brasil foi estimado em R$ 1,11 trilhões, correspondentes a 18,93% do PIB nacional, que totalizou R$ 5,90 trilhões. 

A participação dos setores ligados ao mar na economia nacional mostra como o país tem significativa dependência econômica do mar. O Rio de Janeiro, entre os estados do litoral brasileiro, conforme dados de 2014, lidera em concentração de trabalhadores nos setores marítimos, o que corresponde a uma participação de 41,39% no somatório nacional desses setores.

A promoção da Economia do Mar pela Associação busca incrementar os indicadores macroeconômicos nacionais, o PIB, por exemplo, e, o resultado das empresas que atuam em setores e atividades econômicas que tenham o mar como foco. Existe uma gama enorme de atividades que podem ser desempenhadas na Economia do Mar e demandas variadas de negócios cujo mercado brasileiro poderá abarcar.

Neste sentido, por ocasião da semana dedicada à celebração da Amazônia Azul, pela Marinha do Brasil, em 21 de novembro de 2019, realizou-se na Escola de Guerra Naval o Seminário Economia do Mar como Política de Desenvolvimento – I Rio’s Cluster Maritime Day quando ocorreu a assinatura de Carta de Intenções conjunta por diversas instituições presentes ao evento.

O objetivo principal do I Seminário Internacional Economia do Mar como Política de Desenvolvimento foi ampliar e difundir o conhecimento acerca dos setores e atividades econômicas que tenham o Mar como foco, da organização geográfica da produção  e de seus efeitos, assim como das potencialidades para as cadeias produtivas relacionadas. Foram apresentados os casos de sucesso por representantes do Reino Unido, França, e os Clusters do Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), Rio Grande (RS) e  Santa Maria (RS). 

No início de 2020, foi encaminhado projeto setorial “Economia do Mar”, junto à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a fim de contribuir com a preparação de empresas com maior potencial de crescimento para o processo de internacionalização, bem como pretende-se promover missões no exterior para fomento à exportação e promoção de negociações internacionais.

Com isso, espera-se o fortalecimento da Plataforma de Exportações da Base Industrial de Defesa (BID) do Brasil, tendo em vista as pressões de demanda no que se refere à Economia do Mar sobre a BID do Brasil. Além do mais, a cooperação entre as empresas da CTNRJ possibilitará ganhos de projeção e uma maior oferta de portfólio em negociações no exterior.

O passo seguinte na consolidação do Cluster foi o desenvolvimento do  Planejamento Estratégico, definido como “um processo contínuo e sistemático, que possui o maior conhecimento possível acerca do futuro. Pois, tomar decisões que envolvem riscos, organizar sistematicamente as ações necessárias para uma boa execução das decisões, bem como retroalimentar e medir os efeitos dessas decisões, são tarefas que fazem parte do planejamento estratégico de uma organização” (DRUCKER, Peter. Introdução à Administração. São Paulo: Pioneira, 1984).

Os Objetivos Estratégicos podem ser representados por resultados quantitativos e qualitativos que precisam ser alcançados em prazo determinado, no contexto de seu ambiente estratégico, visando o cumprimento de sua Missão .

Dessa forma, a Diretoria Executiva e seus Conselho de Administração e Consultivos estão comprometidos em alinhar as perspectivas do CTNRJ aos novos cenários, corrigindo o rumo sempre que necessário, com o propósito de atingir seus Objetivos Estratégicos, com sucesso.