O Brasil é conhecido pela vastidão de seus recursos naturais e, ainda que esse fato seja de conhecimento geral, algumas de suas áreas mais estratégicas permanecem desconhecidas pelo grande público e, nesse contexto, o mar não seria exceção. Fomentando o debate sobre a Economia do Mar, a Universidade Federal Do Rio Grande do Norte (UFRN) organizou o Webinário sobre Economia Azul, através do qual diversas palestras foram transmitidas com o fim de difundir informações sobre a importância do estímulo às atividades econômicas marítimas. No evento ocorrido no dia 07 de agosto de 2020, a professora Andréa Carvalho (ICEAC/FURG) abordou o tema do PIB do Mar e seu valor estratégico para o Brasil, citando dados da utilização do mar através da exploração de recursos essenciais para sobrevivência humana. Dentre os dados apresentados pela professora, destacam-se a estimativa de que o mar agrega um valor referente a 19% do PIB Nacional, além de se constatar que a economia marítima brasileira seria equivalente, não apenas a toda a economia da região sul do país, mas seria, também, maior que as economias de países como Colômbia, África do Sul e Israel.
Um exemplo do potencial marítimo brasileiro é a chamada Amazônia Azul, que compreende uma área de 4,5 milhões de km². O enorme território marítimo possui grande variedade em sua fauna e flora, além de minérios como diamantes, ouro e outros metais pesados. Pode-se destacar que por volta de 95% do comércio exterior nacional passam pela Amazônia Azul e nela há, também, cerca de 90% de todas as reservas de petróleo e gás do país, abrigando o Pré-Sal, que abrange parte do litoral brasileiro desde o Espírito Santo até Santa Catarina. A descoberta das reservas de pré-sal em 2007 gerou uma série de expectativas na economia brasileira, tendo potencial para diminuir a dependência energética do país.
Além das atividades tradicionais da indústria do mar, como a pesca, a exploração de óleo e gás, instalação de portos, e o uso da costa para turismo e lazer, também foram abordadas no evento as atividades emergentes da indústria do mar como a biotecnologia, a mineração no subsolo e a oportunidade de investimento em energias renováveis. Em sua fala, Andréa Carvalho explica que apesar do enorme potencial do mar brasileiro, o país ainda não o considera um recurso econômico, fato que, conforme enfatizado pela professora, precisa ser modificado. Entre os principais setores marítimos brasileiros estariam o de recursos vivos, energia, manufaturas, transporte, serviços e defesa.
Consoante com a ideia defendida pela professora, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) também reconhece que a Economia Azul é fortemente importante para o desenvolvimento do país e durante a sua 204ª Sessão Ordinária realizada no dia 30 de Julho, com o propósito de pensar em um método que permita mensurar o valor que o mar agrega ao Brasil, criou o Grupo Técnico “PIB do Mar”. O intuito é que o grupo, coordenado pelo Ministério da Economia, possa quantificar, através de um método com reconhecimento oficial, o valor que as atividades ligadas ao mar agregam para o Brasil.